9.2.11

Lugares

trago-te sempre às costas
e como eu gosto dos teus dedos.
suspiro quando percorrem a minha coluna,
brincam violentamente com a espinha
nos lugares onde as metáforas fazem ninho.

as costas são o litoral do corpo.
estendem ímanes sobre as mãos
e todos os frutos silvestres por roer
mesmo se nenhum de nós sabe o jogo
onde se lançam dados viciados,
mesmo se nenhum de nós sabe o fogo
onde navegam os deuses alados.

e eu quero perder-me
aí, onde os mapas se rasgam ao vento
e a areia molda os nossos corpos
[e quero que passes, quero que fiques].
e eu quero perder-me
aí, na tempestade das pernas
e na orla dos joelhos que ardem
e quero fugir, quero ficar].

se mergulhar um dia
sei que não vou ficar, aí
[as horas lentas
escorrem pelas paredes
mancham os lençóis].

se cair um dia
sei que não voltarás, aqui
[o pássaro será de papel
girando em órbitas de giz
atadas às linhas da tua mão].

e esse espaço que o teu corpo ocupa
jamais será meu.

laura alberto & jorge pimenta



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